Se quer colher num ano, plante cereais…
Se quer colher durante uma década, plante árvores…
Se quer que a colheita dure uma vida, eduque e capacite as pessoas.
Provérbio Chinês
Falar de cultura organizacional, é falar de valores!
Os valores são uma forma abreviada de descrever as motivações individuais e colectivas, é sobre o que é verdadeiramente importante para as pessoas e organizações. Alguns exemplos: Confiança, Comprometimento, Envolvimento, Integridade, Honestidade, Comunicação, Responsabilidade, Senso de dono, Excelência, Inclusão, Trabalho de equipa, Equilíbrio, Consistência, Rigor, Gratidão, Humildade, etc..
Os valores respondem às perguntas:
O que nos motiva?
O que é mais importante para nós?
O que orienta a nossa conduta?
O que suporta a nossa tomada de decisão?
Em qualquer fase da vida os valores mais importantes, são o reflexo do nível do desenvolvimento fisiológico que atingimos e das necessidades básicas não atendidas nesse momento (pirâmide Abraham Maslow). As nossas necessidades sempre foram e sempre serão os principais impulsionadores dos nossos comportamentos e acções, sendo movidas pelas nossas motivações conscientes ou subconscientes. Assim, todos os valores e comportamentos estão relacionados com as necessidades, e estas estão relacionadas com níveis específicos de consciência. O que é externo é a manifestação externa do que é interno e que pode ser visto ou observado pelos outros.
A metáfora do iceberg é frequentemente usada para ilustrar situações em que há uma parte visível e tangível, acima da superfície e uma grande parte invisível e intangível abaixo da superfície. Se usarmos a metáfora da árvore para demonstrar a realidade de uma organização, ela pode apresentar-se conforme a figura 1. A árvore para além de ter uma parte visível e outra invisível, tal como um iceberg, representa um sistema vivo e em crescimento.
Fig.1 Sistema organizacional
A realidade organizacional consiste numa parte visível aos outros e outra que não o é e que reflecte a percepção individual das pessoas da organização relativamente ao mundo/ organização. Acima da superfície temos a parte racional, lógica do mundo, a parte que é previsível e sequencial. Uma realidade que é geralmente expressa em visões, estratégias, objectivos, estruturas orgânicas, processos e sistemas, etc. Assenta na crença e num mindset de que tudo pode ser controlado e previsto. Abaixo da superfície, estão os aspectos que existem, mas que não são visíveis aos outros, como as emoções o espírito ou alma. Falamos de hábitos, atitudes, preconceitos, padrões, sentimentos, crenças, valores, etc. Esta é a parte que sabemos que existe, mas que é difícil prever e gerir.
Então, questione-se: Qual o estado de salubridade das raízes da minha empresa?
A salubridade e a força das “raízes” abaixo da superfície é um pré-requisito para que o “verde” acima da superfície floresça e cresçam frutos. O mesmo se passa, connosco, seres humanos, precisamos estar bem conectados com nossa vida interior para permanecermos fortes nos bons e nos maus momentos. A verdade, é que a “A cultura vence a estratégia”. Isto significa, que para qualquer estratégia ter sucesso, é necessário que exista um alinhamento entre a cultura actual e a desejada, entre o individual e o colectivo.
É normal vermos declarações de visões e valores impressionantes afixados nas paredes das organizações, mas as pessoas passam por eles e não se identificam, ou não as reconhecem nas acções e comportamentos das suas chefias. Esclarecer quais são os comportamentos desejados associados aos valores compartilhados, é fundamental para a criação de uma ambiente de trabalho eficaz e atraente. O resultado deste exercício, juntamente com uma visão e missão compartilhadas, constitui uma base sólida para a cultura desejada. Este é um caminho de aprendizagem, que exige um contínuo e consistente acompanhamento de reflexões e melhorias para garantir que a equipa e seus elementos estejam alinhados, “walk-the-talk”.
Então, trabalhar a cultura de uma organização, é trabalhar o alinhamento entre os valores organizacionais e os comportamentos desejados, a nível pessoal e colectivo. Todo o sistema, pessoas (valores e comportamentos individuais) e organização (valores e comportamentos de grupo), deve estar alinhado.
Fig.2 – Os quatro quadrantes do sistema humano, Ken wilber
Todo o sistema de mudança começa com uma mudança na consciência pessoal dos indivíduos e termina com uma mudança nas acções e comportamentos de grupo. As organizações não se transformam as pessoas sim! Isto significa, que se conseguirmos definir um mapa do território a que chama de consciência, podemos fazer a evolução da consciência, conscientemente. Podemos engendrar intencionalmente uma mudança de um nível de consciência, gerindo os valores de uma organização.
Em suma, as organizações de sucesso são aquelas que se orientam pelos seus valores e trabalham a sua cultura organizacional, em Richard Barrett, The Values-driven Organisation, 2013.
Na mindwave, trabalhamos a cultura organizacional, com inspiração no modelo, Os 7 níveis de consciência da liderança de Richard Barrett, num programa que lhe chamamos, “the values power©”. Este programa integra as seis macro etapas da figura 3, adoptando-se um abordagem holística, integrando todas as dimensões da organização (financeira, pessoas, processos e sistemas, inovação, sociedade, outras) ou desenvolvendo um trabalho faseado por dimensão. Por exemplo: quando se fala de uma cultura de qualidade, segurança alimentar, ou de ambiente, estamos a trabalhar só a dimensão Processos e Sistemas da organização. É importante compreender o processo de transformação de uma cultura organizacional como um todo, para depois avançar para o particular, é importante compreender, que antes de se avançar para a implementação de um conjunto de medidas, actividades ou acções, há que compreender com consciência, como se germinam as sementes da mudança, criando raízes fortes e saudáveis, num sistema organizacional que está continuamente em crescimento.
Fig.3 – Construindo a cultura organizacional – the values power©
Abraço e até breve
Teresa Pinho | Founder e Consultora